Marcos indenitários da mulher ribeirinha na fronteira amazônica Brasil/Bolívia

Introdução

Pricila Suarez Carvallo[1]


[1] Mestra em Educação pela Universidade Federal de Rondônia, pesquisadora do Grupo de Pesquisa das Fronteiras Amazônicas- GEIFA, Professora da Educação Básica.


Estudar as experiências contidas nas narrativas das mulheres ribeirinhas, é expandir para além das fronteiras amazônicas a dimensão cultural do uso do território e como isso reflete na construção de suas identidades, que se refere a um processo de apropriação baseado nos valores e conhecimentos historicamente acumulados ao longo da vida. Conhecer a dinâmica das práticas cotidianas sob a ótica da mulher ribeirinha no que diz respeito a: casamento, trabalho, religião, saúde, participação social e autoestima nos sugere ter em mente as representações simbólicas, os sentidos práticos colocados na vida coletiva de determinados povos.

A metodologia de coleta de informações empíricas surgiu da posição etnográfica assumida que valoriza o contato direto com o cotidiano vivido pelas Mulheres ribeirinhas, uma pesquisa de campo em que o diálogo construiu as narrativas sobre suas trajetórias de vida. Isso permitiu a construção de um conhecimento e valorização das diversas vozes trazidas por mulheres em seus próprios espaços de convivência. Todo um processo que articulou longas conversas que desencadearam palavras-chaves que foram tecidas para que tais vozes evidenciassem suas diversas formas de conviver, que nos permitiram valorizar o conhecimento ancorado na experiência dessas mulheres. Assim, o objetivo era: compreender através das diversas narrativas a experiência do Ser mulher, não como categoria homogênea, mas a partir da interseccionalidade que inscreve em seus corpos as condições de classe, etnia, raça, geração, território, entre outras.

O olhar delas, por elas

É comum que se tenha a ideia de que a figura feminina é aquela que é a dona de casa, cuida apenas dos afazeres domésticos e dos filhos, ao contrário disso, atribui-se à figura masculina o pape do provedor ou aquele que cuida do sustento da família. Diante disso algumas características trazidas pelas próprias mulheres ribeirinhas nos chamaram atenção, pois havias situações “incomuns” naquela comunidade, onde subdividiremos a seguir: